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Remendando o passado

Remendando o passado

Historiadores e outros observadores situados na popa da barca da vida, essa nau que navega sem descanso, possuem o delicado ofício de ir remendando, um a um, os retalhos que compõem o tecido do passado. Sem essa tarefa primordial, o presente passa a não fazer sentido algum e o porto do futuro, tão almejado por todos, deixa de existir, perdido em alguma região incerta e não sabida. Portanto é preciso ir catando esses pequenos recortes e migalhas deixadas desordenadamente por todos os cantos, selecionando-os e assim estabelecer uma conexão racional entre eles.


Em nosso caso particular, esse é um trabalho que necessita ser feito com o maior rigor e fidelidade possível, dada a tentação contínua, sobretudo de nossas autoridades, em reescrever o passado, apagando os fatos e construindo narrativas fictícias sobre os escombros deixados para trás.


O século XXI tem sido prolífico na geração de fatos históricos e marcantes para o Brasil. Apenas à guisa de exemplo, quem se der ao trabalho de ir juntando as declarações feitas aqui e ali por nossas autoridades, nos três Poderes, principalmente nos últimos anos, verá que, por detrás das narrativas oficiais, construídas com esforço e genialidade, se esconde um emaranhado de enredos factuais, que parece ser mantido, trancado a sete chaves, bem longe do conhecimento público.


Um trabalho de remendo dessas declarações feitas a esmo, pode nos dar uma pista do porquê estamos onde estamos. Se os tempos atuais não se mostram abertos à possibilidade de dizer o que precisa ser dito, isso se deve às novas interpretações dadas à Constituição. Não que nossa Carta tenha sofrido alterações. O que parece ter sido mudado são as interpretações dadas, agora, à Carta de 88.

A frase que foi pronunciada: “No começo pensei que estava lutando para salvar as seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a floresta amazônica. Agora percebo que estou lutando pela humanidade.” (Chico Mendes)

Representantes: “Agora que ficou constatado, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que Brasília tem a terceira maior capital do Brasil em termos populacionais, certamente o número de parlamentares a serem eleitos para defender a capital de todos os brasileiros vai aumentar. Os brasilienses precisam defender mais e melhor o nosso belo quadradinho.” Quem assina a missiva ao jornal é João Vítola.

Menos burocracia:(Vídeo~~~) “Para a Professora de Biologia Molecular da Universidade de Brown, Anne Fausto Sterling, cinco são as possibilidades de identificação para o sexo; e, para o professor de sexualidade e médico brasileiro Ronaldo Pamplona da Costa, são onze as possibilidades”. Já para um urologista ou ginecologista, apenas dois: os que têm próstata ou os que têm útero.


Circe Cunha e Mamfil – Coluna “Visto, lido e ouvido” - Ari Cunha - Foto: Valter Campanato (veja.abril.com.br) - Charge do Pater – Correio
 Braziliense




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