Tem razão o professor e
economista Eduardo Giannetti, quando afirma que “a ideia de que os governos
podem avaliar a qualidade de vida das pessoas ou no sucesso e fracasso das
nações, tendo como parâmetro o Produto Interno Bruto (PIB).” Como exemplo dessa
afirmação, ele cita o fato de que as pessoas que, por ventura, têm a sorte de
morar nas proximidades onde trabalha, podendo se deslocar tranquilamente a pé,
possuem uma qualidade de vida ímpar. Ao contrário, os trabalhadores que residem
longe da localidade onde exercem suas funções têm que passar horas percorrendo
distâncias dentro de várias modalidades de transporte. Com isso, utilizam mais
recursos com passagens, servindo-se de diversos serviços paralelos e, com isso,
acabam consumindo mais combustíveis e energia. Nesse segundo caso, o PIB
aumenta; em contrapartida, a qualidade de vida dessas pessoas é rebaixada.
Nesse segundo caso, ainda as possibilidades de acidentes, de stress e outras
enfermidades obrigam essas pessoas a utilizarem-se de mais remédios e de mais
médicos.
Aí também o PIB aumenta, mas em
detrimento da qualidade de vida que passa a ser bem mais sofrível. Portanto, há
que desconfiar sempre dos números superlativos do PIB apresentado pelos
governos. Principalmente, quando não se conhece a que preço e a que sacrifícios
humanos essa elevação se deu. Muitas vezes, o empobrecimento e o declínio na
qualidade de vida das pessoas são mascarados pela elevação do PIB anunciado com
estardalhaço pelo governo.
Situações como essas ficam ainda
mais complicadas quando muitos economistas, independentes e livre das amarras
ideológicas, passam a desconfiar dos números positivos apresentados agora pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando se verifica que,
à frente desse importante organismo de pesquisa, encontra-se menos um
economista consciente de seu trabalho e mais um militante devotado à causa
político-partidária.
Outro dado que é preciso
desmistificar é com relação aos números superlativos mostrados, sobretudo, pelo
Painel do Impostômetro de São Paulo. Por ele, o cidadão desavisado pode
imaginar que os brasileiros desembolsaram, compulsoriamente, mais de R$ 500 bilhões
até o dia 14 deste mês, porque existe uma riqueza latente pairando sobre todo o
país, para qual o governo cuida de arrecadar para administrar o Estado, segundo
as boas normas da gestão pública. Nada mais irreal. A indecente carga
tributária, sorvida com avidez pelo atual governo, não retorna em forma de
investimentos e serviços públicos de qualidade. É apenas mais impostos sem a
devida contrapartida.
Na realidade, o aumento
verificado nos números mostrados pelo Painel do Impostômetro retrata uma
elevação da inflação nos preços dos bens, num sistema em que a carga tributária
acaba por penalizar, ao máximo, o consumo, mantendo a atividade econômica, que
é o principal fator, em ponto morto e estagnada. Existe aqui uma imensa carga
tributária voltada, quase que exclusivamente, para o consumo. Isso significa
ainda que, mal o ano tenha começado, o contribuinte terá que arcar com mais
tributos até dezembro.
Para aqueles que se vêm
obrigados a ir aos supermercados, a realidade nos preços dos alimentos é bem
mais visível e desmontam as narrativas oficiais do governo. Existe, para toda
dona de casa, uma certeza: a perda de poder de compra das famílias, não só em
razão do achatamento salarial, como pela própria perda do poder de compra do
Real. Não é o caso aqui de dizer, como Galbraith, que as previsões econômicas
são capazes de tornar a astrologia mais respeitável, mas uma coisa os
economistas concordam: as projeções para o Brasil neste ano que se inicia
mostram uma desaceleração geral de toda a economia.
Susto: Três vias da Épia
fechadas com cabos de energia caídos no local. O pronto atendimento dos
bombeiros e da polícia evitaram maiores acidentes.