Independentemente
das diferenças etárias, étnicas, sociais e econômicas, as pessoas buscam a
felicidade. Essa corrida incansável faz com que muitos se convençam de que ela
não existe, o que há são momentos, situações ou breves suspiros. O desafio é
conciliar essa "jornada" com o cotidiano de responsabilidades e de
falta de tempo. O que fazer? Curiosa, fui perguntar a fórmula.
As
respostas foram incríveis. Um senhor, acima dos 70 anos, disse que, mesmo de
terno e gravata, caminha lentamente pela rua quando o dia está ensolarado e há
árvores floridas. "Apenas para admirar", disse ele. Um jovem adorável
e inteligente, mas que tem um trabalho tenso e um chefe difícil, reagiu.
"O videogame me alegra. O Fifa me faz feliz."
Uma
amiga, na faixa dos 50, apaixonada por música e arte, tem o método dela.
"Ponho música e saio dançando pela casa", contou. Um homem,
sessentão, perde-se ouvindo rock e jazz, tomando lentas doses de uísque e
assistindo a filmes antigos. "Sou capaz de ficar horas ali, esqueço dos
problemas. Sou feliz."
Nem
os adolescentes escapam. Augusto e Valentina, gêmeos de 13 anos, adoram jogar
xadrez. "A gente exercita a mente, não pensa em mais nada", disse a
jovem. "Eu adoro porque tem estratégia, não é assim do nada, a gente tem
de avaliar os riscos", completou o irmão. Ambos contaram que, quando estão
diante do tabuleiro, esquecem das chateações. "É muito bacana, você
deveria tentar", recomentou o garoto.
Para
uma jovem tutora do Bento, um dachshund, um senhor de 13 anos, a alegria pode
ser encontrada ao lado do cão. "Ele me diverte com as estripulias e farras
ingênuas. Tem muita personalidade", disse ela, sem esconder o orgulho do
filho canino.
Um
universitário, próximo de defender o trabalho de conclusão de curso (TCC) e
ingressar no mercado de trabalho, também tem seus truques. "Penso: o que é
bem gostoso e barato e eu posso comer? Aí chamo alguém bom de papo, a gente
conversa e come, gastando pouco. Pronto. Resolvido."
O
jogador Richarlison, camisa 9 da Seleção, viu-se mergulhado em angústia e
procurou ajuda. A pressão por vestir a camisa que foi de Ronaldo, o Fenômeno,
aos 26 anos, pesou. Mesmo tendo preconceito, procurou ajuda profissional e
submeteu-se à terapia. "(A terapia) salvou minha vida de uma hora para
outra", disse o jogador.
Da
minha parte, amo cozinhar. Passo horas estudando receitas. Quanto mais
complexas e diferentes, mais eu gosto. Ali, viajo pelos países das receitas.
Mas o prazer maior vem quando surgem os elogios. Detalhe: são obrigatórios. No
meu caso, a felicidade está diretamente associada aos adjetivos positivos.
Assim, aprende-se com todo mundo um pouco. É possível ser feliz. Se são momentos, situações ou breves respiros, pouco importa. O que vale é que estamos nesta vida para desfrutar, o sofrimento tem de ser exceção e não lição nem parte do cotidiano.