O
presidente da República esteve em Buri (SP) na terça-feira; foi anunciar R$ 79
milhões para da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Esse valor, para
uma grande universidade como a de São Carlos, é coisa muito pequena se
lembrarmos do tamanho das propinas das empreiteiras na Lava Jato. E Lula
poderia ter dito – ficaria bem simpático e realista – que esses R$ 79 milhões
que o governo estava destinando à UFSCar provêm dos impostos pagos com o
trabalho das pessoas. Seria muito justo, seria um tipo de agradecimento aos
pagadores de impostos, que merecem todo o reconhecimento.
Mas,
em vez de agradecer, Lula quer arrancar mais. Ele aproveitou para defender o
aumento do imposto de herança. Trata-se de um imposto municipal ou estadual,
mas não federal. Ainda assim, ele quer mais. Diz que é muito pouco o que se
cobra no Brasil, que a pessoa devia deixar quase metade para o Estado e não
para os seus herdeiros.
A
pessoa trabalha a vida toda para deixar para os filhos e netos, mas o Estado
vem lá sem nenhum motivo – porque o Estado certamente só atrapalhou a vida dele
– e quer tirar. E Lula chegou a usar uma palavrinha muito, muito significativa
do que ele pensa a respeito. Ele disse que a pessoa não tem interesse em
“devolver o patrimônio”. Ou seja, ele acha que a origem de toda riqueza é o
Estado. É uma desonestidade dizer isso, porque o Estado não cria riqueza; ele
só atrapalha a geração de riqueza e diminui o patrimônio das pessoas, que
investem menos, empregam menos, produzem menos. A interferência do Estado é uma
roda girando ao contrário. O governo só fala em aumentar impostos.
Governo
só tira, mas não devolve, e saneamento deficiente é a prova disso: Na
reunião de ministros da Fazenda do G20, preparatória para o encontro de
novembro no Rio de Janeiro, o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, fez
um relatório – que depois é destacado como se fosse do governo – afirmando que
nos próximos 10 anos serão necessários US$ 100 bilhões para investir em
saneamento básico no Brasil. Isso comprova o desleixo, o descumprimento de
cláusula entre governo e pagador de impostos, que paga cinco meses de trabalho
por ano para o Estado brasileiro e, em troca, deveria receber bons serviços e
investimentos públicos em infraestrutura, como é o caso do saneamento básico,
ou serviços de segurança, de justiça, de saúde, de educação. Só que não.
Para
conseguirem esses US$ 100 bilhões, certamente vão tomar empréstimos e pagar
juros. Mas quem, em última análise, sempre paga a conta é o cidadão,
principalmente em um país onde 21% dos brasileiros sustentam os restantes 79%.
Demonstrei essa situação em artigo publicado em 38 cidades brasileiras: será
isso justiça social?
Se
nós pagamos, se nós os sustentamos, se nós os indicamos, elegemos autoridades –
a maioria diretamente e outros indiretamente –, é porque nós somos os patrões.
Outro dia, um desses “sequestradores” que tentam passar golpes direto da prisão
me ligou dizendo que estava com a minha filha, e pedindo um determinado valor.
Eu disse: “OK, mas eu quero falar com ela”. “Não, não vai falar”, respondeu o
golpista. Aí eu retruquei: “Então você não vai receber, porque, se eu estou
pagando você, eu sou o patrão”.