Em apenas dois meses, o café-escola da Casa de Chá já
conquistou um lugar no coração de brasilienses e turistas. O local, no centro
da Praça dos Três Poderes, recebeu mais de 30 mil clientes desde a abertura, no
fim de junho.
“Um sucesso de público, muitos turistas, muito turismo
interno também, a população de Brasília voltou a se apropriar desse monumento
aqui de Oscar Niemeyer. Então, para nós, da Secretaria de Turismo, do governo
Ibaneis, é um ganho, um marco importante”, exaltou o secretário de Turismo do
Distrito Federal, Cristiano Araújo.
Projetada por Niemeyer, a Casa de Chá tem uma arquitetura ímpar, formada por um prédio semienterrado e janelas ao longo de toda a sua extensão. Isso faz com que os frequentadores tenham uma visão livre do horizonte — onde estão as sedes dos Três Poderes. O espaço é reconhecido como patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Localizada em uma região com intensa movimentação de
visitantes, a Casa de Chá também abriga um Centro de Atendimento ao Turista
(CAT). “A ideia é o turista estar fazendo esse city tour aqui pelo nosso
turismo cívico e pegar as informações dos nossos outros produtos — Rota de
vinho, Rota de queijo, Rota do cavalo —, conhecer os nossos monumentos. A
pessoa além de vir aqui e desfrutar do café, de uma lanchonete, também vai se
informar com relação aos nossos pontos turísticos”, apontou Araújo.
Foi assim com o casal Renan e Rafaela Paulon. Naturais
de Limeira, no interior de São Paulo, eles visitavam Brasília pela primeira
vez, quando foram informados por um motorista de aplicativo sobre o novo ponto
turístico da capital federal. “O espaço é muito bonito, bem aconchegante,
familiar”, disse ele. “O pessoal [do atendimento] é muito atencioso, muito
educado. A gente chegou sem reserva, mas conseguiu uma vaguinha para desfrutar
do espaço”, emendou ela.
Brasília está presente em cada detalhe da Casa
de Chá. Os móveis foram desenhados por designers brasilienses — uma colaboração
com a Associação dos Designers de Produto do Distrito Federal (Adepro-DF). As
cerâmicas também são de artistas locais. Na carta de vinhos, apenas rótulos
produzidos no DF — uma parceria com a Vinícola Brasília.
O chef é Gil Guimarães. Radicado em Brasília, ele
contempla os sabores da capital e do Cerrado, mas passeia por todos os outros
biomas brasileiros, da Amazônia aos Pampas. A cozinha, o bar e o atendimento
ficam a cargo dos alunos do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(Senac-DF) — daí o título de café-escola.
“Esse espaço funciona com três objetivos principais:
ele preserva o patrimônio, o cartão-postal da cidade de Brasília, reabrindo à
visitação das pessoas; ele é um espaço de aprendizagem, temos alunos fazendo a
prática supervisionada com docentes do Senac, aperfeiçoando o que eles aprendem
nos laboratórios do Senac, para poder ingressar no mercado de trabalho; e nós
temos uma valorização de Brasília nesse espaço, para que as pessoas possam
entender um pouco mais de Brasília pelo seu saber, pelo seu sabor, pelo seu
design, pela sua arquitetura, pela sua literatura. Então a gente reúne esses
três aspectos para bem atender e servir a cidade”, destacou o diretor regional
do Senac-DF, Vitor Corrêa.
Deivid Cassiano é um dos estudantes em atuação no
local. Depois de atuar como barista, agora ele está no atendimento — depois,
passará pela cozinha para completar o curso de Técnicas Operacionais em
Cafeteria. “Esse é o terceiro curso que eu realizo pelo Senac e tem sido uma
experiência fenomenal para a minha carreira e para o meu currículo, tem
agregado muito nos conhecimentos”, afirmou. Nascido em Goiás, ele mora há 20
anos em Brasília e celebra estar em um espaço tão simbólico para a cidade: “É
muito gratificante para mim. Quando eu pensei que um dia estaria na capital
federal?”.