Quem não foi à manifestação na Paulista no 7 de
Setembro, quem não apoiou o movimento, de que tipo são essas pessoas? Há dois
tipos, na verdade. Aquelas que não querem saber de liberdade, de leis, que
praticam e endossam abusos, arbítrios e ilegalidades formam certamente o pior
grupo. Elas abominam quem tem pensamentos diferentes dos seus. Querem
interditar o debate, proibir críticas, divergências, querem que o mundo real
seja ignorado. Agem pelo partido único, pela tirania, pela ditadura. São
falsas, patéticas, vazias, são a representação do que há de pior no ser humano.
E essa gangue tem, digamos, gradações. Ninguém nesse bando pode ser perdoado,
incluindo os que apelam para discursos comedidos. O que Alexandre de Moraes tem
feito não pode ser tratado como “atitudes polêmicas” ou “atos controversos”.
Os que têm uma existência miserável defendem o
banimento do X do Brasil, enxergando apenas as leis que lhes interessam. Eles
fazem de tudo para fingir que as ordens de Moraes para bloquear perfis na rede
social não são ilegais. Ficam fixados na reação do ministro do STF à correta
resistência de Elon Musk contra aquilo que não deve ser cumprido de forma
alguma. Apoiam o tirano, ignorando, por exemplo, o tempo em que o Supremo ainda
se fazia respeitar. É inaceitável que a última instância do nosso Judiciário esteja
virada num amontoado ideológico, político. Não há defesa da democracia, quando
é instaurado um “vale-tudo”. E a amnésia seletiva leva embora o habeas corpus
de abril de 1996 assinado pelo então ministro do STF Maurício Corrêa: “Ninguém
é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada
de autoridade judicial. Mais: é dever de cidadania opor-se à ordem ilegal; caso
contrário, nega-se o Estado de Direito”.
Os que têm uma existência miserável defendem o
banimento do X do Brasil, enxergando apenas as leis que lhes interessam. Eles
fazem de tudo para fingir que as ordens de Moraes para bloquear perfis na rede
social não são ilegais
A parte fajuta da imprensa não quer saber do correto,
não fica nem corada por ser cúmplice da destruição do Brasil. E dá um enjoo
enorme ler artigo em jornal que já foi importante defendendo que Alexandre de
Moraes dê uma “aliviada”, ou será chamado de autoritário por aqueles que a
colunista considera os “autoritários de verdade”. E um sujeito que se acha
inventor de algo inexistente, um tal “jornalismo didático”, vai além: anuncia
que se manteve no X apenas para “denunciar Elon Musk e o golpe transnacional em
curso no Brasil”. Como é para xingar o dono da rede social e defender as
ilegalidades de Alexandre de Moraes, o mocinho acha que está tudo bem. Ele faz
parte do grupo que não erra, não mente, não publica “fake news”, não apela para
a “desordem informacional” e, sobretudo, jamais usa “discurso de ódio”.
Quem ainda acredita nessa turma que o jornalismo de
verdade rejeita está atrás do seu “direito de ser censurado” e de censurar. Nas
redes sociais, há inúmeros relatos de pessoas se entregando felizes à tirania e
tentando impor os horrores a quem está próximo: “Meu tio bolsonarista baixou
VPN e foi avisado pelos meus primos e por mim de que, em 24 horas, ele será
levado para a Polícia Federal”; “A minha operadora de celular não está
cumprindo o papel dela, pois fui à loja relatar o ocorrido, e eles me disseram:
retire o aplicativo”. É essa gente que jura que Elon Musk está tentando
interferir politicamente no Brasil e que George Soros, outro bilionário
estrangeiro, trabalha arduamente pelo bem do nosso país. É essa gente que quer
mais negros na política, desde que não seja alguém como Sérgio Camargo, que
presidiu a Fundação Palmares no governo Bolsonaro. É essa gente que quer mais
mulheres na política, desde que não seja alguém com as ideias de Margaret
Thatcher.
Não é surpresa alguma que Lula esteja abraçado a
Alexandre de Moraes, e que o ministro do STF pense como Nicolás Maduro e outros
ditadores pelo mundo. “Tamanho da conta bancária não dá imunidade”, é isso que
repetem, e repetem, e repetem... O discurso é o mesmo: “as redes sociais são um
demônio”. O objetivo também é o mesmo: censura, controle, controle. E as
desculpas esfarrapadas e os disfarces mal-ajambrados só carregam quem também já
se entregou ao mal. Não é mais surpresa que Geraldo Alckmin diga que “a
democracia brasileira tem uma dívida de gratidão com Moraes”. Todos eles ficam
nisso sem parar, as mesmas narrativas, a mesma oposição aos fatos, à verdade.
Nunca a diferença esteve tão escancarada: conservadores e liberais defendem a
liberdade de expressão. Socialistas, comunistas e até social-democratas
defendem a censura. Quando, na história da humanidade, foi diferente?
Faltou falar de quem reconhece todas as ilegalidades,
todos os abusos e arbítrios de Alexandre de Moraes, mas acha que povo nas ruas
não serve para nada. Como se grandes manifestações não tivessem tido influência
no impeachment de Fernando Collor e no impeachment de Dilma
Rousseff. Sim, é verdade, nos últimos anos, os protestos, mesmo que gigantes,
não foram capazes de despertar quem tem o poder para transformar o anseio
popular em combate real à tirania que tomou conta do Brasil. Só que isso não
significa que multidões nas ruas sejam dispensáveis, que essas concentrações
não devam existir. Devem, sim. São importantes, sim. A luta contra a ditadura,
ninguém pode duvidar disso, ela se dá em várias frentes, e não dá para abrir
mão de nenhuma delas. Numa guerra, é sempre assim.