Quem procura na mídia previsão para
2025 certamente quer ler ou ouvir algo otimista, ao contrário do que está
percebendo, ou, pelo menos, está evidente à sua frente. Talvez não queira
acreditar no realismo trágico que se ampliou neste ano; talvez queira acreditar
que isso não irá se agravar no ano novo. É preferível teimar e não aceitar o
que está evidente; fica mais cômodo e não se sente pressão para fazer alguma
coisa, principalmente se a pessoa se vê responsável – pelo voto, pela omissão,
pelo silêncio. Não há sinais de mudança. Não se pode falar em mudança de rumo,
quando não há rumo. Há improvisos, populismos, impulsos emocionais, reações de
oportunidade.
Dizem que só se mudam rumos quando a
economia der sinais de falência. Mas vai se postergando, a cada overnight, sem
saber se já foi ultrapassado o ponto de não retorno – no câmbio, na dívida
pública, no controle da inflação, nos juros – tudo gerado por excesso de gastos
do governo, aqui entendido como os três poderes. Desenfreadamente, sem
responsabilidade, sem dó do pagador de impostos. Bem diferente dos tempos de
Paulo Guedes. E não há esperança de adotar um modelo de resultados para aquele
a quem o Estado existe para servir: o povo. Quando era ministro da Educação,
Fernando Haddad me deu alguns livros, para que eu fosse convencido de que o
futuro da humanidade é o marxismo. O marxismo não foi solução econômica para a
União Soviética, nem para a China. Só o liberalismo cria riqueza. O socialismo
acaba quando acaba o dinheiro que o capitalismo produziu.
O Congresso Nacional de representantes
do povo e dos estados não está, em boa parte, à altura das expectativas de seus
mandantes. Muitos mandatários ainda se prendem ao vício de se julgarem juízes
do que é bom para o povo. O vício inclui a prioridade do que seja bom para o
próprio representante, seus interesses e seu grupo. As demandas reais não
entram nos plenários, que se perdem em discussões distantes dos interesses
nacionais. Parecem isolados da realidade e omissos às necessidades de reduzir
gastos públicos e impostos, e de ter serviços públicos realmente eficazes.
No terceiro poder, que não tem o voto da
representação popular, sobressai por sua militância política a suprema corte.
Há juízes que mais parecem políticos sem mandato. De guardiães da Constituição,
transformaram-se em constituintes ad hoc, chegando ao cúmulo de julgarem, eles
mesmos, autores de ameaças e injúrias contra si próprios. A inviolabilidade
parlamentar por quaisquer palavras, a vedação a toda e qualquer censura, e a
liberdade de expressão sem anonimato viraram letra morta na Constituição.
Tudo isso, nos três poderes, não contém
sinais de uma sensata mudança radical no ano que se inicia. Ao contrário, a
falta de humildade para reconhecer erros só amplia ainda mais as consequências.
O pior é que pagam todos, menos os que são pagos por todos, em suas mordomias.
Para o Executivo, a culpa é dos outros; para o Legislativo, não é culpa deles;
para o topo do Judiciário, a exceção é para se proteger de uma exceção. E vamos
viver mais um ano de propaganda enganosa, de uma elite estatal e estatizante
que vive a fantasia de que somos uma clientela passiva e pagante. Dá calafrios
imaginar que podem estar erguendo, pedra por pedra, uma Bastilha.