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Para tudo, no Brasil, é preciso permissão de Alexandre de Moraes

Para tudo, no Brasil, é preciso permissão de Alexandre de Moraes

Na terça-feira o general Braga Netto, general quatro-estrelas, que foi ministro da Defesa, ministro-chefe da Casa Civil, interventor na Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro no governo Temer, militar brilhante, cidadão patriota, sério, honesto, correto, comemorou seus 68 anos numa prisão, onde está há quase três meses sem ter sido condenado. É para não mexer em provas, disseram. Ele estaria querendo saber o que Mauro Cid falou naquele depoimento em que Alexandre de Moraes disse que ou Cid mudava o depoimento, ou voltaria para a cadeia e seu pai, esposa e filha mais velha seriam investigados. Lá nos tempos da Lava Jato, Gilmar Mendes, disse que isso de ameaçar prender o delator que não dissesse o que queriam ouvir configurava tortura.

Para vocês verem como vivemos em um país de tutela absoluta, suprema, Moraes agora deixou o presidente do PL conversar com o mais notável integrante do seu partido. Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro não podiam conversar, nem ter contato um com o outro, por ordem de Moraes. Cada vez que um estava na sede do partido, o outro não entrava, para evitar que acabasse tendo de usar tornozeleira eletrônica ou coisa do tipo. Mas já decidiram que Valdemar não tinha nada a ver com isso, ele não foi denunciado pela PGR, e já pode pegar de volta os relógios que tinham sido retirados da casa dele – ele adora relógios, tinham apreendido um Rolex e um Audemars Piguet, suíços, e um Bulgari, italiano. Até o passaporte ele recebeu de volta.

Quem vai compensar as vítimas do arbítrio?

E eu pergunto: quem vai indenizar Valdemar Costa Neto por danos morais? Pela humilhação? Assim como aconteceu com o governador de Brasília, que ficou 66 dias afastado do cargo, vítima de busca e apreensão na casa e no escritório, para no fim dizerem “ah, desculpe, nós nos enganamos”. Agora a vice-governadora também foi absolvida por coisas de dez anos atrás, do tempo em que ela era deputada distrital. Não provaram nada e o juiz disse que, na falta de prova, de convicção de culpabilidade, in dubio pro reo.

Esse juiz está dando uma lição para o pessoal lá de cima, porque nos tribunais superiores não está valendo o in dubio pro reo. Até o Lula, que deveria ter aprendido depois do que passou, disse que Bolsonaro é quem tem de provar a inocência, e não a Procuradoria-Geral da República, que o denunciou, que tem de provar a culpa. Mas quem acusa é que tem de provar: provar que ele pensou em dar golpe, que ele planejou o golpe, que ele tinha meios de dar o golpe... mas não deu o golpe. Ele realmente tinha meios, era o comandante supremo das Forças Armadas. Tendo os meios, não foi adiante. E mesmo assim falam em crime de golpe? A história vai registrar tudo isso.

Artigos publicados desde 2021 estão em meu novo livro: Falando em registro, para quem quiser entender o país, aproveito para falar do lançamento, na Livraria Travessa, aqui em Brasília, do meu livro De Brasília, Alexandre Garcia, da editora LVM. São artigos publicados em jornais, de 2021 até fevereiro deste ano. Também está disponível na Amazon.

Gleisi vai ter de negociar com o Centrão e aparar a briga dentro do PT: Gleisi Hoffmann agora é negociadora do governo. Vai ter de negociar com o Centrão, que está abandonando o barco. O Titanic já bateu no iceberg e o pessoal está saindo. Mas, antes de negociar com o Centrão, o mais urgente será negociar com o próprio partido, que está rachado pela sucessão na presidência da legenda. O presidente Lula quer Edinho Silva, mas há correntes do PT que não querem, e dizem que está ocorrendo uma boa briga dentro do partido.


Alexandre Garcia – Foto: Isac Nóbrega/PR – Gazeta do Povo




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