Durante um show em Contagem–MG no dia
29/03, o vocalista da Banda Ira!, Marcos Valadão Ridolfi, mais conhecido como
Nasi, atacou o eleitorado de direita presente em seu show, após ser vaiado ao
criticar o projeto de anistia para os manifestantes do 8 de janeiro. “Vão
embora e não voltem mais aos nossos shows” e “não comprem nossos discos” foram
as declarações do músico, mostrando todo o “amor” que existe na esquerda.
Há dois meses, participei de um podcast
onde comentei um pouco sobre a questão cultural no Brasil. Lá destaquei que,
particularmente, consigo separar a capacidade artística de uma pessoa com sua
opinião política - provavelmente foi um pouco do que aconteceu em Contagem, até
o cantor querer fazer militância em cima do palco.
Se faltou tolerância por parte de Nasi,
parece ter sobrado ignorância. Primeiro porque a intenção principal em um show
musical é curtir a música. Em segundo lugar, porque ele estava em uma cidade
mineira em que Lula teve menos votos que Bolsonaro e onde fui o deputado mais
votado com quase 76 mil votos. A chance de não ter ninguém de direita ali
preocupada apenas com a apresentação da banda era praticamente nula.
O pedido de Marcos Valadão foi atendido
de forma rápida. Cerca de duas semanas após a sua fala em Minas Gerais, a banda
Ira! teve shows cancelados no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
A produtora dos eventos publicizou os
inúmeros pedidos de cancelamento de ingressos, desistência de patrocinadores e
não progressão das vendas.
O mais irônico foi a velha mídia chamar
de “boicote’’ algo que foi solicitado pelo próprio músico
Filiado ao Partido Comunista do Brasil
desde 2003, o vocalista do Ira! atribuiu o cancelamento das apresentações a um
“bombardeio de fascistas” e citou o tal “gabinete do ódio”, ignorando que o
único a ter demonstrado ódio foi ele.
Sobre o fato de Marcos estar em um
partido e ser de uma ideologia que exalta ditadores ao mesmo tempo, em que
chama manifestantes de golpistas, é só mais um motivo para ter certeza de que
definitivamente o melhor para ele é se concentrar em suas canções.
Nasi até tentou minimizar os fatos, mas
as indiretas a cantores de direita como Roger Moreira, do Ultraje a Rigor, que
nada tem a ver com o que aconteceu, indicam que ele sentiu, e muito.
Para não ser injusto, finalizo o texto
com uma boa lembrança que tenho de Nasi, o seu milésimo gol sofrido no Rockgol
2007, e que era um campeonato ótimo de assistir.
Talvez o ressentimento do “Wolverine
Valadão” tenha resquícios dessa época, já que ele também levou um gol de Roger
Moreira no antigo programa televisivo da MTV. Bons tempos!