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Golpe é…

Golpe é…

No fim do século 20, jornais de mais de 60 países, inclusive o Brasil, publicavam tirinhas com desenhos, feitos por uma neozelandesa, de um casalzinho que explicavam o que era o amor... No alto da ilustração, lia-se: “Amar é...” E, a cada publicação, havia uma definição sempre romântica, poética, singela... Essa época passou... Hoje, no Brasil, o que se completa é a frase que começa assim: “Golpe é...” Para que ninguém viva feliz para sempre.

É triste perceber que, numa tirania aparentemente sem fim, as definições para golpe vão sendo feitas da maneira mais abjeta possível. Escolhi, então, abrir a série dessa forma: golpe é... criar um inquérito ilegal, inconstitucional, sem objeto que se possa verdadeiramente definir, um inquérito sigiloso, viciado, com relator escolhido a dedo, e não por sorteio, que não segue o devido processo legal, que cerceia a defesa...

“Golpe é... criar aberrações jurídico-persecutórias, violando sem dó nem piedade a Constituição, as leis, todos os princípios do Direito”

Golpe é... multiplicar em muitos um inquérito interminável, que arrasta qualquer um para a perseguição política implacável, numa corte que é ao mesmo tempo suposta vítima, acusadora, investigadora e julgadora. Golpe é... usar esses inquéritos para suspender liberdades, espalhar o terror, impor o medo, silenciar, prender, eliminar. Golpe é... criar essas aberrações jurídico-persecutórias para fazer corar os maiores tiranos da história, violando sem dó nem piedade a Constituição, as leis, todos os princípios do Direito. Golpe é... criar um tribunal de exceção.

Golpe é... libertar um condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em três instâncias, com “provas sobradas”, por unanimidade no Tribunal Regional Federal e no Superior Tribunal de Justiça. Golpe é... permitir que esse sujeito seja candidato a presidente, e ainda apoiá-lo descaradamente na campanha. Golpe é... ajudar o “descondenado” a cometer as maiores atrocidades como gestor público, esmigalhando o Poder Legislativo. Golpe é... o Congresso acovardado, permitindo todo tipo de abuso, arbítrio e ilegalidade.

Golpe é... inventar um golpe que nunca foi sequer planejado e, portanto, nunca foi tentado. Golpe é... condenar inocentes ou baderneiros bissextos como se fossem os bandidos mais perigosos do mundo. Golpe é... jurar que defende a democracia, quando a despedaça como se quisesse impedir para sempre sua restauração. Golpe é... oficializar a censura, com elogios descarados a uma ditadura e a ditadores sanguinários.

Golpe é... indicar amigos para a suprema corte, descumprindo promessa de campanha, e fechar aliança com a máxima instância do Judiciário. Golpe é... inchar o Estado indefinidamente, gastando muito além de todos os recursos dos pagadores de impostos. Golpe é... provocar o aumento da inflação, da taxa de juros, do déficit fiscal, da dívida pública, da fuga de capitais, do número de recuperações judiciais de empresas, de falências. Golpe é... quebrar estatais, empresas de capital misto e fundos de pensão. Golpe é... aumentar impostos, e aumentar impostos, e aumentar impostos.

Golpe é... roubar aposentados e pensionistas. Golpe é... fingir que combate a criminalidade, quando se opõe a medidas mais duras contra os bandidos, quando se opõe ao enquadramento de facções criminosas como grupos terroristas. Golpe é... apoiar terroristas e atacar grandes democracias do planeta. Golpe é... fingir-se de incompetente, quando na verdade o que se quer é mesmo a derrocada do país. Golpe é... transformar milhões de brasileiros em dependentes das “migalhas do Estado”. Golpe é... governar o Brasil por quase 17 anos, nos últimos 22, e botar nos outros a culpa por toda a desgraça do país.


Luís Ernesto Lacombe - Foto: Imagem criada utilizando Whisk - Gazeta do Povo


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