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Governo esconde crise e comércio critica canetada no FGTS

Governo esconde crise e comércio critica canetada no FGTS 

A propaganda do governo esconde a realidade que a vemos nas ruas e nas lojas. A economia está esfriando. O PIB não está parando, mas está muito devagar. Os juros estão altos, o crédito está caro, há insegurança jurídica e econômica, há desequilíbrio nas contas públicas, com pressão na inflação. E aí eu me surpreendo ao ver, na primeira página da Folha de S.Paulo, um anúncio dizendo assim: “Trabalhador, agora não mais! É isso mesmo, presidente Lula?

 

O anúncio da capa remete à página 8, onde há um novo anúncio dizendo “FGTS: o dinheiro é seu. A decisão? Agora não mais”. O texto diz que o Congresso não aprovou, mas que o governo, com uma canetada, limitou o saque-aniversário do FGTS a R$ 2,5 mil, e a pessoa tem de esperar 90 dias para receber. As novas regras começaram a valer em novembro. O governo diz que o FGTS é dinheiro do trabalhador, mas na verdade ele não pode escolher como quer usar o seu dinheiro. “Quando o trabalhador perde autonomia, a economia inteira perde fôlego”, diz o anúncio, que termina repetindo: “Presidente Lula, é justo? Agora não mais”. Está assinado pelos várias associações, incluindo a Abad, que é dos atacadistas e distribuidores; a Abrasel, dos bares e restaurantes; a Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços (Afrac); a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil; e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas.

 

Vejam os dados das concessionárias: em novembro, as vendas de veículos novos caíram 8,2% em comparação com outubro, e 6,2 em relação a novembro do ano passado. Isso é um termômetro. O governo tenta esconder, mas estamos chegando perto do Natal e todos sabem disso. Os jornais recebem anúncios de páginas inteiras de bancos estatais, que não têm de se preocupar com a concorrência, dizendo que vem aí o 13.º, que beleza, vai mobilizar o comércio. Mas vocês viram que a Black Friday já virou Black Saturday, Black Sunday, Black Monday, e lá vai, estão precisando prorrogar para vender.

 

O Brasil está doente, de muitas maneiras: Outro dia falei do caso do moço morto pela leoa, que foi abandonado pelo sistema psiquiátrico do SUS. Mas não é o único caso, tem outros terríveis, parece que estamos criando monstros no Brasil. Um maluco arrastou uma mulher por um quilômetro na Marginal Tietê, em São Paulo, e ela perdeu as duas pernas. Em Queimados (RJ), um padrasto pegou o enteado de 2 anos e bateu tanto nele que o menino morreu. Em Manaus, outra criança morreu porque deveria receber um estimulante por nebulização, e aplicaram na veia. Não sei se é irresponsabilidade, falta de profissionalismo, raiva de alguma coisa, mas as pessoas parecem estar doentes. 


Nós temos uma doença ética, que todos conhecemos e que vem de tempos. Com a maior cara de pau, as pessoas defendem corruptos e justificam: “Descondena, devolve”. O sujeito roubou e devolveu; depois, o dinheiro é devolvido pra ele de novo. É incrível. É uma crise muito, muito grave que estamos passando. 


Se um dia o Brasil tiver um empate técnico como o de Honduras, como vamos conferir os votos? Ontem noticiei o que a ministra Cármen Lúcia afirmou sobre o voto eletrônico: “tenho certeza de que seu voto vai ser computado”. Mas como ter certeza, a não ser por uma questão de fé? Eu quero ver ali, preto no branco. Pois vejam o que aconteceu em Honduras. Com 1,9 milhão de votos apurados, os dois candidatos a presidente mais votados estavam separados por apenas 515 votos. Vão começar a contar um a um. E no Brasil, como é que fazemos isso? Um byte? Quantos quilobytes? Quantos megabytes? Não sei. 


Honduras é a terra de Manuel Zelaya, aquele que tomou conta da embaixada brasileira, a converteu em diretório político, punha as botas em cima da mesa, usava seu chapelão dentro da embaixada, em uma enorme falta de educação. E o Brasil reclamava? Que nada! Por que eu estou falando do Zelaya? Porque a candidata dele e da mulher dele, que é a atual presidente, perdeu feio, ficou em terceiro lugar, não chegou a 20% dos votos. Os outros dois estão empatados ali na casa dos 40%, separados por centésimos. O interessante é que ambos são de ascendência árabe: Nasry Asfura Zablah e Salvador Nasralla Salum. Nasralla é uma espécie de Silvio Santos de Honduras, fez carreira na televisão. Asfura, que é o candidato de Trump, é ex-prefeito da capital Tegucigalpa e já foi condenado e descondenado por corrupção. 


Por fim, uma curiosidade sobre Honduras, que já lutou uma Guerra do Futebol com El Salvador. Nas eliminatórias para a Copa de 1970, quando fomos tricampeões no México, os dois países disputavam uma vaga no Estádio Azteca, a partida estava empatada em 2 a 2, El Salvador ganhou na prorrogação, e depois começou uma guerra em que morreram 2 mil pessoas. 



Alexandre Garcia - (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.) - Gazeta do Povo

 

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