ex-senador é acusado de negociar
propinas para beneficiar empreiteiros
O juiz Sérgio Moro mandou soltar
ontem os dois acusados de operar pagamentos de propinas de R$ 5,3 milhões, a
mando do ex-senador Gim Argello (PTB). O dinheiro se destinava a evitar a
convocação de empreiteiros para depor nas comissões parlamentares que investigavam
irregularidades na Petrobras no Senado e no Congresso em 2014.
Os ex-assessores parlamentares Paulo Roxo e Valério Neves Campos foram
presos temporariamente na 28ª fase da Lava Jato, chamada Vitória de Pirro, na
última terça-feira, 12. O Ministério Público Federal pediu a conversão da
prisão deles em preventiva, mas o juiz Sérgio Moro entendeu que a atuação de
ambos era subordinada a Gim Argello.
Segundo as investigações, o ex-senador teria negociado o pagamento das
propinas de cerca de R$ 5,3 milhões por meio de doações eleitorais ao DEM, PR,
PMN e PRTB para evitar que empreiteiros investigados na Lava-Jato fossem
convocados para depor nas duas comissões instauradas em 2014 para investigar as
suspeitas de irregularidades em contratos da Petrobras.
O lobista Júlio Camargo disse que, a pedido do ex-senador Gim Argello,
pagou R$ 200 mil em dinheiro vivo a Valério Neves, que coordenava a campanha ao
Palácio do Buriti José Roberto Arruda (PR) em 2014. A declaração foi prestada
em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília, na
quinta-feira, e foi anexada ontem, à investigação da 28ª fase da Operação
Lava-Jato, apelidada de “Vitória de Pirro”.
Segundo Júlio Camargo, ficou acertado em reunião com Gim e Neves uma
contribuição para o “PR”, que ele chama de “partido de Gim”, embora seja o de
José Roberto Arruda. “que, se não pagasse o Gim Argello, seria convocado para
depor à CPI”, disse o lobista. “Em torno de uma semana depois, Paulo Roxo e
Valério foram ao escritório do depoente no Rio de Janeiro e entregaram um
papel; que ambos disseram que o depoente seria o único que contribuiria para o
PR, partido de Gim Argello, porque o nome de sua empresa seria gravado como um
grande colaborador e seria lembrado em futuros projetos do Governo do Distrito
Federal”, contou Camargo.
O advogado de Gim, Marcelo Bessa, não tem prestado esclarecimentos à
imprensa desde que seu cliente foi preso. Na sexta-feira, o Correio não o
localizou, assim como os defensores de Roxo e Neves.
Fonte: Correio Braziliense – Foto:
Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press – Correio Braziliense