Desfiles da escola já foram premiados 8 vezes seguidas: recorde nacional
Por Renata Rusky,
Após mais de duas décadas sem autorização para funcionar, a escola mais
tradicional da cidade finalmente ganha segurança jurídica e poderá manter a
quadra no Cruzeiro
A Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (Aruc)
finalmente conseguiu a regularização do imóvel que ocupa. Foram mais de duas
décadas de insegurança jurídica, em que a escola de samba ficou sujeita a ação
de despejo. Na última sexta-feira, foi assinado o termo de cessão de uso do
espaço com o Governo do Distrito Federal. Agora, além da garantia que poderá se
manter no espaço, a associação poderá revitalizar a área e dar continuidade a
diversos projetos.
Segundo o presidente da Aruc, Moacyr de Oliveira Filho, que firmou o termo em nome da escola de samba, a situação ilegal
afugentava parcerias e impedia que a escola revitalizasse a área. “Temos 31
títulos do carnaval do DF, oito deles seguidos, mas essa é nossa maior vitória.
É uma vitória da Aruc, do samba, do carnaval, da cultura e do brasiliense. A
próxima etapa é correr atrás de parceiros para reativar nossa piscina, nosso
projeto de capacitação profissional e dar continuidade a outros projetos”,
disse. Em 1974, havia sido assinado um contrato de concessão de uso mas, 20
anos depois, o documento perdeu a validade e não pôde mais ser renovado.
“É uma felicidade muito grande viver este momento
como governador, de dar tranquilidade e segurança jurídica para que a Aruc
continue a desenvolver suas atividades esportivas, culturais e sociais”, disse
o governador Rodrigo Rollemberg na ocasião da assinatura, em cerimônia no
Palácio do Buriti. O ato foi possível graças à sanção de lei que permite ceder
o uso de bens públicos imóveis a órgãos e entidades. A ideia é que a legislação
reforce o acesso à cultura e a espaços de lazer dos moradores do Cruzeiro (leia o que diz a lei abaixo).
A sede também é palco de muita festa, agora, com autorização
Também firmou o documento a secretária do Esporte,
Turismo e Lazer, Leila Barros, que destacou a longa espera da associação e os
esforços para assegurar a regularização. “Foi uma força-tarefa, uma vontade
política para acabar com uma espera de mais de 20 anos. Agora, a Aruc pode
desenvolver suas atividades de forma segura.”
Patrimônio Cultural e Imaterial do Distrito Federal
desde 2009, a Aruc trouxe o samba à capital e coleciona títulos. Ela é a única
agremiação no Brasil a ganhar oito títulos seguido, superando até a madrinha
Portela, que ganhou sete vezes o carnaval do Rio de Janeiro na década de 1940.
Os primeiros batuques começaram na antiga Quadra 16, Casa 3, do então Bairro do
Gavião, reduto de cariocas transferidos da antiga para a nova capital. Era a
casa de dona Ivone Araújo, primeira moradora do bairro.
Foi em 21 de outubro de 1961 que a criação da
Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro foi oficializada. Instituíram-se
presidente, vice, secretários e demais fiscais. O grupo cresceu e se
transformou em uma das principais escolas de samba do Distrito Federal. Nos
anos seguintes, o carnaval brasiliense obteve reforços. Em 1969, surgiu a
Acadêmicos da Asa Norte, que teve o início muito parecido com o da Aruc:
cariocas movidos pela saudade do Rio. Nove anos depois, o carnaval ganhou o tom
crítico com a chegada do Pacotão. O bloco, uma irônica homenagem ao Pacote de
Abril, lançado pelo general Geisel, em 1977, sai sempre na contramão da W3
Norte-Sul como protesto.
O que diz a lei
Sancionada no dia do aniversário de 55 anos da
Aruc, em outubro do ano passado, a Lei nº 1112, de 2016, permite ceder o uso de
bens públicos imóveis a órgãos e a entidades culturais. Ela garantiu que
instituições consideradas patrimônios culturais não corram risco de despejo
pela falta de uma legislação específica. Outras entidades que devem se
beneficiar da lei são o Boi do seu Teodoro e a Fundação Athos Bulcão.
Fonte: Renata Rusky – Fotos: Antonio Cunha/CB/D.A.-
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