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Mesa Diretora da Câmara Legislativa do DF arma banquete da salvação

Não chega a ser surpresa a decisão da Mesa Diretora da Câmara Legislativa de suspender as investigações internas, por tempo indeterminado, contra os cinco deputados distritais afastados da Casa pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal  (TJDF) a pedido do Ministério Público, no rumoroso caso da Operação Drácon.

Para quem conhece o modus operandi sorrateiro e o corporativismo maroto dos deputados distritais, a decisão do atual presidente da Mesa, Juarezão, tomada na calada da noite da última terça-feira, era só questão de tempo, até a poeira baixar e cobrir a memória com o pó fino do esquecimento. A armação da atual Mesa busca jogar para futuro longínquo e incerto as possíveis perdas de mandatos desses ilustres representantes da sociedade brasiliense. Trata-se, obviamente, de visível manobra, gestada depois de forte pressão feita pelos próprios acusados.

A medida, adotada sob o argumento pueril de que “não se pode condenar um inocente ou inocentar um culpado”, configura um arranjo puramente interno, arquitetado para anistiar uma camarilha para a qual, a população, ou mais precisamente os eleitores, já mostrou o cartão vermelho.

Caso existisse na CL um mecanismo de recall, semelhante ao que as montadoras de automóveis utilizam para tirar das ruas os carros com defeito de fabricação, esses deputados seriam automaticamente substituídos, sem trauma ou trambiques de qualquer ordem. A rigor, é preciso ressaltar que houve, por parte dos órgãos de justiça que analisam o caso, elementos mais do que suficientes para que fosse pedido o afastamento de todos os membros da antiga Mesa Diretora. Ademais, a sociedade, por diversos meios, já manifestou claramente seu desejo de que todos sejam afastados da CL, para que o processo de investigação tenha sequência livre, sem interferências indesejadas e prejudiciais.

Mais do que salvar da degola esses políticos sabichões, é preciso salvaguardar, isto sim, a população do Distrito Federal contra a malversação de seu suado dinheiro, pois cada centavo desviado representa um centavo a menos na prestação de serviços públicos. Uma visita às escolas da periferia ou a um hospital, como o do Paranoá, pode dar a dimensão da carência de recursos que esses estabelecimentos experimentam no dia a dia.

Caso a decisão venha a ser efetivamente publicada no Diário Oficial do DF, estará consumado, sob a chancela da Casa, o maior caso de afronta direta contra os cidadãos de bem da história de Brasília. Nesse caso, as repercussões negativas serão imprevisíveis e poderão se refletir igualmente sobre todos os membros da atual legislatura, levando de roldão protegidos e protetores para a vala comum dos políticos ladinos que a população quer ver bem longe.

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A frase que não foi pronunciada
“Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.”
(Mário Quintana — (O trágico dilema)



Por: Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google

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