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Entrevista: Caso Filipe Martins dispara alerta no governo Trump, aponta advogada

Entrevista: Caso Filipe Martins dispara alerta no governo Trump, aponta advogada 

Em entrevista exclusiva, a advogada de imigração Ana Bárbara Schaffert, que integra a defesa de Filipe Martins nos Estados Unidos, detalha os bastidores de uma suposta fraude que teria sido usada para justificar a prisão do ex-assessor de Jair Bolsonaro. Segundo ela, documentos oficiais americanos foram adulterados para criar um registro falso de entrada no país, o que agora coloca sob suspeita a atuação de autoridades brasileiras e levanta questionamentos sobre possíveis violações à soberania dos EUA. Ana Schaffert fala sobre as provas, o papel da imprensa internacional e os próximos passos do processo que pode se tornar um dos maiores escândalos jurídicos recentes entre Brasil e Estados Unidos.

 

Entrelinhas: O que já foi comprovado até agora no caso do ex-assessor Filipe Martins nos Estados Unidos? Ana SchaffertO que temos de concreto é que houve uma fraude flagrante. Ficou comprovado que o documento usado para justificar a suposta entrada do Filipe nos Estados Unidos em setembro de 2022 — o I-94 — é irregular. Há três erros gravíssimos: o nome dele está grafado de forma errada, o número de passaporte é de um documento que foi cancelado quase dois anos antes da data indicada e a categoria de visto simplesmente não existia naquele momento. Isso demonstra que o registro é totalmente inválido e fabricado. 


Entrelinhas:A senhora pode detalhar como descobriram esses erros? Ana Schaffert: Quando tentamos obter o I-94 legítimo junto às autoridades americanas, primeiro em Nova York, fomos informados de que o registro estava vinculado a Orlando. Isso foi estranho, porque o Filipe jamais havia entrado por Orlando. Pouco tempo depois, uma delegação da Polícia Federal brasileira estava nos EUA para tratar do caso das joias do Bolsonaro. Foi então que tivemos acesso ao I-94 falso e identificamos as inconsistências. A partir daí, pedimos formalmente a exclusão desse documento do sistema americano. 


Entrelinhas: Há suspeita de que alguém dentro do sistema tenha inserido o documento falso? Ana Schaffert: Essa é uma das hipóteses que estão sendo analisadas com muita cautela. Não acreditamos que um erro dessa magnitude possa ter ocorrido de forma acidental. É possível que alguém com acesso interno tenha inserido ou manipulado o registro — e isso, naturalmente, é muito grave. Não podemos apontar nomes sem provas, mas o que já sabemos é que o documento foi criado a partir de um sistema que requer credenciais oficiais. Isso significa que houve participação, direta ou indireta, de um agente autorizado. É por isso que insistimos em uma investigação transparente, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. 


Entrelinhas: E como o governo americano reagiu a essa descoberta? Ana Schaffert: O CBP, que é o órgão responsável pelo controle de fronteiras, emitiu uma nota pública reconhecendo a anomalia. Isso é muito importante, porque mostra que não haverá tentativa de encobrir o erro. O próprio governo americano precisa agora avaliar sua responsabilidade nesse caso, porque houve uma arbitrariedade contra o Filipe Martins que só foi possível com a conivência de agentes dentro do sistema. 


Entrelinhas: Quais são os próximos passos da defesa? Ana SchaffertAgora buscamos responsabilizações. Não só individuais, mas também institucionais, já que o próprio sistema americano foi utilizado para cometer essa arbitrariedade. Estamos em contato com advogados criminalistas nos Estados Unidos e ainda precisamos formalizar a contratação de um especialista em direito criminal americano para dar andamento às ações. 


Entrelinhas: A imprensa americana começou a tratar o caso com destaque. Isso ajuda na celeridade do processo? Ana SchaffertSem dúvida. A cobertura da Mary O’Grady no Wall Street Journal foi fundamental. Ela me ligou pessoalmente para confirmar dados e revisitar comigo todos os fatos. A Mary é uma jornalista extremamente experiente, membro do conselho editorial do jornal desde 1990, e está acompanhando o caso há mais de um ano. Já escreveu quatro artigos sobre o assunto, incluindo um editorial recente. Isso trouxe atenção internacional e despertou autoridades americanas para a gravidade da fraude. 


Entrelinhas: O assessor de Donald Trump, Jason Miller, também mencionou o caso recentemente. Isso teve algum efeito prático? Ana Schaffert: Sim, foi mais um sinal de que o caso ganhou peso político nos Estados Unidos. O Jason Miller destacou publicamente o absurdo da situação. Isso reforça a pressão por transparência e justiça, e nos dá esperança de que o processo avance de forma mais rápida e eficaz. 


Entrelinhas:A senhora acredita que estamos próximos de uma solução? Ana Schaffert: Estamos otimistas. Acreditamos que, agora que o caso ganhou visibilidade e há provas robustas de fraude, o processo nos Estados Unidos caminhará de forma mais célere e justa. Nosso foco é garantir que a verdade prevaleça e que os responsáveis — sejam eles quem forem — respondam pelos seus atos.

 

Entrelinhas: Há algo mais que o público precise entender sobre esse caso? Ana Schaffert: Sim. Esse não é apenas um processo contra um indivíduo. É uma questão de integridade institucional. Quando um governo, de qualquer país, utiliza informações falsas para justificar uma prisão, está violando princípios básicos do Estado de Direito. O caso do Filipe Martins é um alerta internacional sobre os riscos de se usar o sistema judicial como instrumento político.



Mariana Braga - (Foto: Reprodução / YouTube da Gazeta do Povo) 


1 Comentários

  1. Parabéns Mariana Braga! Trump precisa mesmo saber dos cambalachos daqui do Brasil .

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