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Arte para todos - (Projeto vai rodar as cidades do DF levando de graça para a população)


Lela do Cerrado (E) produz o evento que, entre outras participações, conta com a presença de Walter Cedro, Keyane Dias e Sabiá - Projeto vai rodar as cidades do DF levando de graça para a população saraus, oficinas de poesia, batuques ligados a ritmos da cultura popular e do cerrado, literatura de cordel e teatro de bonecos

*Por Pedro Grigori

A arte tem o poder de tocar e interagir com a vida do ser humano. Seja ao ouvir música, ler um livro ou assistir a uma peça teatral, o contato com expressões culturais pode quebrar paradigmas e dar a oportunidade de o espectador imergir em uma nova realidade. Sábia Canudo, 32 anos, lembra bem a primeira vez que foi tocado pela arte. Quando tinha 7 anos,  ele ouviu a música Trem das Sete, de Raul Seixas. Para ele, a canção “abriu as portas da dimensão poética”. A partir daquele momento, começou uma trajetória artística que, 25 anos depois, o coloca nos postos de músico, poeta e professor de literatura. Com a intenção de ser uma fagulha na criação de novos consumidores e produtores de cultura, a partir da próxima segunda-feira, o projeto Tomada Cultural começa a rodar cidades do Distrito Federal.

O câmpus do Instituto Federal de Brasília (IFB) no Recanto das Emas recebe o evento entre 7 e 10 de maio, enquanto o Centro de Ensino Fundamental 1 do Riacho Fundo 2 abriga as atividades entre os dias 8 e 11 de maio. Na programação, há saraus e oficinas de poesia, batuques ligados a ritmos da cultura popular e do cerrado, literatura de cordel e teatro de bonecos. Para Sábia, será a chance de retribuir o conhecimento aprendido de seus grandes mestres, como os poetas Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, além do músico Zé do Pife. “O evento dá oportunidade para as pessoas conhecerem uma cultura além da de massa e, com isso, serem transformadas pela arte, assim como eu fui”, defende.

A ideia da Tomada Cultural é da produtora Lela do Cerrado, 29, que é também uma das integrantes do As Batuqueiras, grupo de batuque formado apenas por mulheres que vai fazer parte da programação do circuito. “Nossa ideia é conectar talentos. O nome, Tomada Cultural, vem tanto da tomada de espaço quanto da pegada energética. Vamos falar com um público que está sedento para conhecer nossas linguagens e expressões artísticas, e é isso que pretendemos fazer”, diz a produtora.

O projeto é contemplado pelo edital regionalizado do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), idealizado para fomentar cultura fora do eixo central de Brasília. Lela, que é moradora do Riacho Fundo II, conta que a periferia do DF é um celeiro de talentos esperando para serem descobertos. “Estamos conversando com a coordenação pedagógica de escolas e ouvimos muito sobre dificuldades de cuidar de crianças hiperativas. Queremos levar essas crianças para o teatro, potencializar o que pode ser um talento delas”, explica.

Com a iniciativa, Lela quer apoiar a próxima geração cultural. “Vamos mostrar que é possível, sim, fazer da arte uma profissão, mas além de formar os próximos produtores culturais, queremos também criar consumidores de teatro, música e literatura”, explica.
Grupo de batuque formado por mulheres faz parte da programação - Tradição nordestina dos bonecos vai ser levada para o evento pelos Mamulengos sem Fronteiras
Participações 
A tradição nordestina do teatro de bonecos vai estar presente na Tomada Cultural. Originada nas encenações com marionetes, que foram trazidas para o Brasil pelos portugueses, em Pernambuco, esse tipo de apresentação é conhecido como mamulengo.  E foi com um mestre pernambucano que Walter Cedro, 39, aprendeu a arte — que em 2015 se tornou patrimônio cultural brasileiro — e deu início ao grupo Mamulengo Sem Fronteiras.

O grupo brasiliense, formado inicialmente por três irmãos, já se apresentou em todo o Brasil e em países da Europa e da América do Sul. “Temos um palco, onde ficamos com bonecos que interagem com uma banda e com o público”, explica Walter. O grupo ministrará uma oficina durante o evento para apresentar a arte nordestina. “Vamos desenvolver ações que integram arte e educação por meio do teatro de bonecos. De forma lúdica, a oficina amplia e aprofunda as possibilidades de comunicação, além de estabelecer relações entre a cultura popular e a educação. Desperta o sentimento de pertencimento cultural entre os aprendizes, numa dinâmica que integra o corpo, o sentir, o refletir, o expressar e o interpretar”, expõe o artista.

Durante o evento, a poetisa Keyane Dias, 29, quer dar voz aos moradores do Riacho Fundo 2 e Recanto das Emas. Ela vai ministrar oficina poética vivencial chamada DesaVersa. “Queremos que os participantes façam uma autoreflexão e sobre o mundo onde habitam e que, a partir desse olhar, criem uma voz poética”, sintetiza. Formada em jornalismo, Keyane escolheu a profissão devido ao amor pela escrita, mas durante o curso se deu conta de que só conseguia expressar a sua verdade por meio de versos. “Percebi isso aos 18 anos e decidi viver e ler a poesia”, conta.

Hoje, Keyane vê a poética como uma cura e quer auxiliar outras pessoas a enxergar o mesmo. “É uma forma de transcender várias coisas, de manifestar e de ser. A poesia está em tudo e nosso objetivo com a oficina é despertar esse olhar, que muitas vezes passa despercebido”, analisa.

Após passar pelo Recanto das Emas e o Riacho Fundo 2, a próxima parada da Tomada Cultural será no Riacho Fundo I, sem data certa ainda, deve ocorrer até agosto deste ano.

Programe-se - Tomada Cultural
» IFB — Câmpus Recanto das Emas, de 7 a 10 de maio - » Centro de Ensino Fundamental 1 do Riacho Fundo 2, de 8 a 11 de maio - Inscrições: https://goo.gl/DQxD6K ) -  Programação: https://goo.gl/4ePSf2 - Mais informações: (61) 98278-8970 - » Gratuito e classificação livre.



(*) Pedro Grigori – Fotos: Minervino Junior/CB/D.A.Press – Correio Braziliense






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